Prefeitura de Salvador divulga planilha de custos do transporte coletivo
quarta-feira, julho 31, 2013
A prefeitura de Salvador, através da Secretaria Municipal de Urbanismo e
Transporte (Semut), divulgou nesta quarta-feira (31) a planilha de custos do
transporte coletivo da cidade. De acordo com a Semut, o documento é referente à
tarifa atual do transporte e pode ser consultado no site da Transalvador.
A planilha traz custos variáveis, como combustível, peças e acessórios, e
custos fixos, como remuneração de pessoal, manutenção e despesas
administrativas. O custo fixo mensal por veículo é de R$ 22.046,6815. O custo
operacional total é de aproximadamente R$ 3,89 por km. Já o custo total
por km é de cerca de R$ 4,12. A planilha demonstra que cada passageiro custa em
média R$ 2,80 por km. Segundo a nota, os valores dos gastos são baseados no mês
de agosto de 2012.
A prefeitura explica que a planilha de custos dos passageiros foi calculada
conforme determinado no Decreto 23.311, de outubro de 2012 e que é baseado no
modelo de cálculo sugerido Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes
(GEIPOT), que é vinculada ao Ministério dos Transportes.
Quando a planilha divulgada foi elaborada, em agosto de 2012, mais de 35 mil
passageiros eram transportados por mês. Destes, 28.619.670 passageiros pagam a
passagem. Os usuários que têm direito à gratuidade não foram computados para o
cálculo. Os estudantes que pagam meia-passagem são contados como meio
passageiro. No período, a frota era de 2.400 veículos.
Hoje, segundo a Transalvador, cerca de 36 milhões de passageiros são
transportados de ônibus na cidade. A frota é de 2.819 veículos distribuídos em
620 linhas.
Empresas
Em nota, a Semut explica que as empresas dos ônibus que circulam em Salvador também deverão divulgar periodicamente as “informações econômico-financeiras e operacionais das empresas, bem como planilha de custos, no site do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (SETPS)”. Até às 13h desta quarta-feira, não havia informações operacionais das empresas de ônibus no site do SETPS.
Em nota, a Semut explica que as empresas dos ônibus que circulam em Salvador também deverão divulgar periodicamente as “informações econômico-financeiras e operacionais das empresas, bem como planilha de custos, no site do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (SETPS)”. Até às 13h desta quarta-feira, não havia informações operacionais das empresas de ônibus no site do SETPS.
Reivindicações MPL
Um dos itens da pauta de reivindicações do Movimento Passe Livre de Salvador (MPLS) é a abertura da caixa preta do SETPS, com a revisão dos custos e contratos pelos órgãos competentes, com o objetivo de promover com transparência o debate público sobre as regras dos contratos de concessão e sobre o cálculo do preço da tarifa. Entre as principais reivindicações do movimento estão a redução imediata da tarifa de ônibus, ampliação da frota de veículos, ativação e ampliação do metrô de Salvador, extinção da tarifa para os trens do subúrbio, além da construção de novas estações (veja a lista completa aqui).
A divulgação da planilha de custos do transporte coletivo de Salvador,
segundo o pedagogo Walter Takemoto, um dos integrantes do movimento, não atende
a nenhuma das reivindicações do MPLS. "O que reivindicamos é a abertura da
caixa preta do SETPS, que, na verdade, representa o acesso a todos os dados,
não só a planilha, mas todo o processo de fiscalização de todo processo de
operação das linhas de ônibus. A planilha publicada, que corresponde a agosto
de 2012, traz informações esquematizadas para todo o transporte coletivo de
Salvador. É impossível saber se os dados da planilha, que é sistematizada de
toda a frota, corresponde a realidade do sistema", disse.
Para Takemoto, o ideal é que a prefeitura fiscalize permanentemente todas as
empresas na prestação de serviços e também nos custos reais. "Isso não
acontece. O ideal é que a prefeitura tivesse parâmetro de comparação com o que
as empresas declaram. A prefeitura não tem como dizer se os dados são reais.
Essa planilha apenas justifica a tarifa [atual, de R$ 2,80] e apresenta um
déficit na operação. Pela planilha as empresas estão tendo prejuízos, o que
sabemos que não é real", afirma.
Sobre a medida da prefeitura de determinar que cada empresa divulgue a sua
planilha de custos no site do SETPS, o representante do MPLS diz que também não
atende às reivindicações do movimento. "Se você pegar a planilha de cada
empresa ainda vai ter a ideia de que a operação é deficitária. Elas são feitas
com esse objetivo. É estranho que um empresário capitalista tenha
prejuízos e não queira desistir da operação. O que queremos é realizar uma
auditoria no sistema e não apenas receber uma planilha que não diz nada",
afirmou.
Cerca de 18 integrantes do movimento estão acampados há mais de uma semana,
dentro da Câmara Municipal de Salvador. O grupo afirma que só deixará o local
após reunião com o prefeito ACM Neto.
Fonte: G1 Bahia